Comercialização e economia solidária 09: CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA

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A Certificação Participativa foi criada Rede Ecovida, e é um processo de avaliação da conformidade participativo, realizada através do controle social que pressupõe a participação solidária de todos os segmentos interessados em assegurar a qualidade do produto final e do processo de produção. Este processo resulta de uma dinâmica social que surge a partir da integração e interação entre os envolvidos com a produção, consumo e divulgação dos produtos agroecológicos.

Na prática a certificação participativa resulta do compromisso e da confiança que se constrói por cada família na relação e interação com as demais famílias de um grupo. Esse processo se amplia na relação entre os vários grupos e as demais organizações envolvidas com a agroecologia em uma região, que formam um Núcleo da Rede Ecovida. Essa relação e interação consiste principalmente em reuniões organizacionais, visitas de trocas de experiências, acompanhamento técnico e se qualifica na interação direta com os moradores urbanos (consumidores) especialmente nas feiras e visitas de consumidores às unidades familiares de produção agroecológicas. A isso se chama de controle social.

Para fins de certificação, considera-se esse controle social, e recorre-se a uma comissão de ética existente em cada Núcleo, composta por agricultores(as), técnicos e consumidores(as) sempre que estes estejam organizados. Esta comissão faz visitas periódicas e emite um documento que traduz a aptidão para uso do selo. Sugere-se também a existência de comissões de ética em cada grupo. Esse processo é respaldados por todos os demais Núcleos, que possuem em comum normas de produção e patamares mínimos de funcionamento, o que os permite legitimarem-se mutuamente, na Rede Ecovida de Agroecologia.

A certificação participativa nasce de uma proposta que vai muito além da garantia de um produto sem agrotóxicos, e pretende acima de tudo, transmitir uma identidade de projeto diferente de sociedade com diferente relação entre as pessoas e desta na natureza. Essa fusão de projeto e processo confere à agroecologia uma dimensão estratégica, ou seja, muito mais do que uma estratégia de resistência e sobrevivência, a agroecologia é uma importante tarefa de quebra de paradigmas na construção de uma nova ordem e uma nova identidade biológica que insere a espécie humana com parte na natureza (uma nova identidade como espécie), associada a uma nova identidade sócio-política exercidos em um novo formato organizacional. Sendo a organização em rede o exercício da própria vida, aplicado também na organização dos que lutam por esta nova forma de perceber e exercer a vida, ligados entre si da mesma forma como tudo na natureza está ligado, tudo é uma grande rede. Assim como o nosso corpo é uma rede de órgãos e funções.